21 de março de 2011

Morre um ídolo

* 30-10-1945 + 19-03 2011

Membro de uma família de desportistas. O pai jogou bom futebol no tempo do amadorismo, dois de seus primos foram jogadores de destaque e ele, um ponteiro que guardava a posição, obedecendo aos antigos sistemas. Teve sua grande fase no São Raimundo na década de 60, formando um ataque arrasador. Foi campeão em 1966, o primeiro promovido pela FAF, após uma longa briga da imprensa com da FADA, presidida por Laércio Miranda.

Raimundo Melo Soares, ou simplesmente Melo, nascido a 30 de outubro de 1945, filho de tradicional família do bairro de São Raimundo, ex-aluno do Seminário São José. Seu pai, Ilair Soares, mais conhecido por Ciro, jogou com boa dose de classe nas décadas de 30 e 40, atuando de centro médio pelo São Raimundo, Fast, General Osório e pela a Seleção do Amazonas de 1938, contra o Pará, formando a intermediária com Parintins e Marcilio.

Começou cedo

Muito cedo Melo começou a bater bola, lá mesmo em São Raimundo onde nasceu, bairro de grande celeiro de bons jogadores. Juvenil e logo no time titular. Seus primos, Valdir Melo (goleiro) e Orange (ponteiro esquerdo), já apresentavam lampejos de bons jogadores e Melo seguiu o mesmo caminho. Boa postura, disciplinado e acima de tudo um apaixonado pelo clube colinense. Antes de completar 20 anos fez sua estréia no time de cima (dia 4 de julho de 1965), na Colina, contra o América. O resultado foi de 3 a 3, mas teve a felicidade de marcar o primeiro gol de seu time e o feito elevou a sua personalidade dentro de campo, com uma razoável nota pela boa atuação ao lado de Vitorino, Santarém e Vadinho. Numa fase muito boa no ano de 1967, fez parte da seleção do ano, escolhida pela imprensa e chegou a vestir a camisa do Naça, mas para com ela defender o time da crônica esportiva.

Com a briga da FADA x Imprensa, surgiu a FAF e o São Raimundo preparou-se para um duro e movimentado campeonato, com o público lotando os estádios. O “Tufão”, que tinha um hino gravado pelo Caboclinho da Colina, o cantor Raimundo Sena, armou um ataque arrasador, campeão da cidade e que deixou muita saudade: Melo, Airton, Santarém, Almir e Chevrolet, além de Valdir Melo, Zé Maria, Paulinho, Valdir Santos, Zezinho, Fredoca, Itagiba, Orlando Toinho, Orlandino e Zamundo, que completavam o elenco, orientado pelo saudoso radialista João Bosco ou Pedrinho Lustosa.

No São Raimundo, Melo jogou como titular desde julho de 1965 até janeiro de 1970. Um de seus últimos jogos vestindo a camisa alvi-celeste foi contra o Fluminense, de Feira de Santana, com a vitória do time baiano por 1 a 0. Transferindo-se para o Rio Negro, estreou na Taça Amazonas ante o Sul América, dia 15 de abril, de 1970, com vitoria do barriga-preta por 2 a 1. Era o novo companheiro de Clovis, Maravilha, Dirlei, Rubens, Xerém, Abelson, Santos, e Wilson Almeida.

As importações de jogadores, na época, eram acentuadas e a prata da casa foi sendo jogada para escanteio. Algumas cabeças de bagre tinham salários às vezes três sempre maiores que os bons jogadores da terra, nunca valorizados pelos cartolas. Jogou ainda todo o campeonato de 1970, pelo Rio Negro. Seu último jogo aconteceu numa sexta-feira, na Colina, contra o Nacional que venceu por 2 a 0. Melo nunca pensou em fazer do futebol uma profissão e por isso continuou seus estudos.

Enfrentou um duro vestibular da Universidade do Amazonas até diplomar-se em Direito.

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Author: Carlos Zamith