3 de dezembro de 2009

Barrote

Era baixinho, meio roliço, muito rápido com a bola nos pés. Foi ídolo do Nacional em duas décadas e com ligeira passagem pela União Esportiva Portuguesa nos anos trinta e quarenta. Nascido na cidade de Itacoatiara, grande celeiro de bons jogadores, como Secundino, Tangará, Camelo, Amâncio, Lupercio e a família Onety.

Barrote 1942O baixinho Barrote veio para Manaus no início da década de 30, com 17 anos de idade, para defender o Nacional. Logo que chegou ganhou a posição no time titular, tornando-se ídolo da torcida. Jogava o futebol na época dos campos do Luso e do Parque Amazonense, usando um inseparável gorro e um lenço branco preso do lado esquerdo do calção. Em 1933 já era campeão da cidade, seu primeiro título no futebol amazonense.

Sua passagem pelo nosso futebol foi farta de títulos. No campeonato de 1933, tinha como companheiros, Praxiteles, Djalma e Basquete; Guimarães, Otílio Farias e Santana; Horácio, Onety, Rennê e Tobias além de outros que participaram da campanha, como Ney Rayol, Humberto Peixoto, Ovídio Oliveira, Ermelindo, Jokeide e mais alguns com poucas atuações.

Bicampeão em 1936/1937, na época de Amâncio, Babá, Minos, Sarkis, Velhinho, Alceu, Cláudio Coelho. Participou dos célebres 15 minutos, disputado no Parque, entre Rio Negro e Nacional em que Emanuel marcou o gol da vitória nacionalina, em 1939. Teve uma rápida passagem pela União Esportiva Portuguesa, quando o Nacional, em 1938, deixou de disputar o campeonato.

Barrote jogou até 1944, terminando sua longa carreira já nos quadros secundários do mesmo Nacional, clube que sempre viveu no seu coração. Ao arquivar as chuteiras, pai de muitos filhos homens, todos jogando futebol e usando o mesmo nome, o velho Barrote acompanhava até os treinos do seu querido Naça e sempre levando a tiracolo um dos filhos, principalmente o caçula Hildson, também Barrote e que defendeu vários clubes de Manaus, como Fast, Rio Negro e Sul América.

No futebol Barrote ganhou um emprego na Polícia Civil e na condição de policial trabalhou muito tempo como segurança do Banco do Brasil, sede da Praça Osvaldo Cruz. Tipo boêmio desde a juventude, era um cidadão de conversa amigável, muito querido entre os desportistas da velha guarda que sempre perguntavam algo sobre o lenço branco que nos dias de jogos carregava do lado esquerdo do calção. Muitos torcedores da época diziam que “aquele lencinho branco” ajudava-o a conduzir a bola com a mão burlando a vigilância do árbitro.

Barrote 1991Barrote (foto ao lado do filho Hildson) foi campeão pelo Nacional em 1933, 1936, 1937, 1939, 1941 e 1942. O Nacional não disputou o campeonato de 1938 e por isso ele ingressou na União Esportiva Portuguesa, como outros seus companheiros, mas voltou no ano seguinte para ser campeão.

Participou da seleção amazonense de 1938 que disputou o Campeonato Brasileiro, cujo time era formado por Gutemberg, Amâncio e Tuta; Parintins, Cirio e Marcilio; Cloter Gama, Cláudio Coelho, Vidinho, Barrote e Lé.

Jurandir Pereira Lima (Barrote), nasceu a 8 de janeiro de 1913. Morava no Beco do Macedo (Bairro N.S. das Graças) onde vivia com a família já em cadeira de rodas por mais de cinco anos, em razão de um derrame cerebral. Faleceu aos 78 anos, no dia 12 de abril de 1991.

CADEIRA DE RODAS

No dia 3 de maio de 1987, Umberto Calderaro chamou-me ao seu gabinete em A Critica e fez a seguinte observação:

– “Zamith vai com o Lupercio à casa do Barrote e conversa com ele”.

Barrote-cadeiraO objetivo era o de fazer a entrega de uma cadeira de rodas ao Barrote, que aos 74 anos sofreu um derrame e vivia deitado numa cama sem se locomover, a não ser carregado ao colo pelos filhos. A recomendação era a de não citar na matéria o autor da doação.

Barrote residia na Rua Libertador, 87 no antigo Beco do Macêdo.próximo ao Parque Amazonense  Já sentado na cadeira, mais confortável, livrando de dois de seus filhos do trabalho de carregá-lo, segurou a mão de Lupercio, seu ex-companheiro no futebol e grande amigo, emocionado diz:

“Obrigado gente. Muito obrigado amigo Calderaro. Deus lhe pague”. Barrote nasceu em 08/01/1913 e faleceu em 12/04/1991.

Na foto, Zamith, Barrote e Lupércio.

Tagged under:
Author:

9 comments
  • DIDI/GREMIO AMIGOS DA CIDADE NOVA

    AO VER ESSA FOTO DO SAUDOSO LUPÉRCIO EM VISITA AO GRANDE BARROTE,ME VEIO A LEMBRANÇA DAQUELE SENHOR QUE TIVE O PRIVILÉGIO DE TRABALHAR COM ELE NA EDITORA CALDERARO.HOMEM DE GESTOS SIMPLES,MAIS GRANDE COMPANHEIRO,E QUANTO A BARROTE NÃO O CONHECI PESSOALMENTE,MAS TENHO A HONRA DE CONVIVER EM MEIO A AMIZADE DE SEU FILHO QUE JOGOU NO NOSSO CLUBE AMADOR DA CIDADE NOVA,O HILDSON GRANDE AMIGO E UM GRANDE JOGADOR.
    ABRAÇOS!!!

    7 de dezembro de 2009 11:11 || Responder

  • francisco carlosbittencourt dearaujo

    não tive oportunidade de vé-lo jogar nem no zebrado da colôna e nem no leão azul de manaus , porém conhecir trabalhando com porteiro no banco do brasil da praça 15 de novembro , lá no centro, permitar expressar minha opinião, porém tratava as pessoas que casa bancária ,era bem mal educado e grosseiro com as pessoas que iam ao banco inclusive aconteceu comigo , fui pedir informação a respeito, em 1973, para não justifica gentilêsa que senhor didi se referiu ao sr. barrote, êsse é meu ponto vista , meu presenciei oestupido comportamento desse , pode sido crande craque , como cidadão um trmendo mal educado.

    7 de dezembro de 2009 15:23 || Responder

  • DIDI EM RESPOSTA...

    SR.FRANCISCO CARLOS,MAL EDUCAÇÃO É SUA FALTA DE ENTENDIMENTO AO LER MEU COMNTÁRIO,EU COMENTEI O COMPANHEIRISMO DO SR.LUPÉRCIO E NÃO DO SR.BARROTE,MESMO ASSIM CONVIVENDO COM AMIZADE DE SEU FILHO PELA EDUCAÇÃO QUE ELE TEM TENHO CERTEZA QUE SEU PAI ASSIM O ENSINOU,PORTANTO NÃO ATIRE PEDRA EM QUEM NÃO PODE SE DEFENDER.(ATIRE A PRIMEIRA PEDRA QUEM NUNCA ERROU……)

    7 de dezembro de 2009 17:44 || Responder

  • Marcelo Lira

    Prezado Zamirh
    A matéria está excelente de bom gosto para quem gosta de futebol, entretanto O nome final está incorreto em vez de Lima na realidade é Lira.

    26 de fevereiro de 2010 21:49 || Responder

  • eder barrote junior

    essa fotu do meu avo kerido saudades de vc
    to seguindo seus caminhos de jogador
    mais ele era como um idolo para mim onde quer que vc esteje te amo muito saudades ……………………… dos seus familiares

    26 de maio de 2011 14:25 || Responder

  • eder junior barrote

    fracisco carlos vc ja ta errado de ta aki comentando e tambem vc nao tem o ke fazer nao
    otario agora tu e cetinhu ner bonitao respeita mane
    nao liga nao didi eo abrigadao valew

    26 de maio de 2011 14:44 || Responder

  • Márcia Lira

    Senhor Zamith,
    Parabéns e obrigada por contribuir com a reconstituição da história do futebol amazonese, da qual participou este baixinho, que, por acaso, é meu avô. Ele era um apaixonado pelo “Naça”. Quando eu era criança, ouvi muito o “baixinho” gitar, sob o efeito da “branquinha”: “Viva o Naça!”. Um monte de crianças corria atrás dele e repetia “Viva!”. Ele distribuía uma boa parte de seu salário a esses meninos…uma pândega! Às vezes parava no meio do caminho da casa dele, isto é, na nossa casa e cantava pra mim: “Índia, seus cabelos nos ombros caídos, negros como a noite que não tem luar…”. Meu pai Carlos, também Barrote, seguiu pelo mesmo caminho e também defendeu o Nacional. Adoraria ver mais fotos deles, pois não as tenho. Por favor, se tiver mais fotos em seu acervo, gostaria de copiá-las. Um abraço,
    Márcia Lira

    11 de junho de 2011 22:55 || Responder

  • Carlos Zamith

    Prazada Márcia Lira :
    Grato pelas suas palavras a respeito da matéria sobre o velho Barrote.

    12 de junho de 2011 10:40 || Responder

  • Alessandro Augusto

    Concordo plenamente com o senhor Didi do GACIN, falar de quem não pode se defender, e mesmo que bater em bêbado.

    28 de agosto de 2012 20:52 || Responder

Leave a comment

CALENDÁRIO

dezembro 2025
S T Q Q S S D
« set    
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
293031  

ARQUIVOS DO BAÚ