18 de dezembro de 2009

Argemiro

Não chegou a ser um craque, mas era dedicado, raçudo, capaz de atuar em qualquer posição com a mesma eficiência. Tinha um futebol alegre e às vezes exibia alguma categoria. Por isso se tornou ídolo do São Raimundo. Só jogou futebol no regime amador, até 1964 e sempre identificado como um sanraimundense, embora seu começo e o fim tenha sido no time “inimigo”, o Sul América.

Argemiro Ribeiro da Silva, nasceu em 25 de maio de 1931, lateral esquerdo, meia direita ou ponteiro esquerdo, sempre quebrando o galho do treinador e do seu time, pronto para colaborar com humildade, correndo, lutando pelas cores do São Raimundo. Nascido na longínqua. Cidade de Benjamim Constant, no Rio Solimões a 23 de maio de 1931, veio para Manaus com apenas um ano de idade e logo foi morar no bairro de São Raimundo.

Começou a jogar futebol no infantil do Sul América na década de 40 e chegou a titular quando o time era orientado pelo saudoso Baca. Na mesma época jogava no time da Serraria Hore, do velho amigo Albino Fortes que o levou para o Nacional, time de aspirantes. O Hore jogava muito no campinho onde hoje está a Cervejaria Brahma, no Plano Inclinado. Ali o futebol era bom. “Havia até torcida cativa em todos os jogos”.

Argemiro conta que em 1956, quando o São Raimundo ingressou na primeira divisão da FADA, não teve alternativa em mudar de camisa. Alistou-se no time do saudoso Ismael Benigno e de saída foi campeão do Torneio Início com o time formado por Gordão, Nozor e Zezé; Antônio, Tiririca e Argemiro; Nega Chica, Beleleu, Chicão, Enéas e Totó.

No campeonato de 1956, o São Raimundo registrou um recorde. Aplicou uma goleada de 9×1 no América, a maior da temporada. Nesse dia o nosso time estava endiabrado, principalmente a dupla Didi e Chicão, Os dois juntos marcaram 7 gols; 4 de Chicão e 3 de Didi. Os outros foram de Beleleu e Chico, diz Argemiro.

A goleada aconteceu no dia 1º de setembro de 1956, no Parque. Os dois times, com arbitragem de Pedro Sena, estavam assim:

SÃO RAIMUNDO – Gordão, Zezé e Jaime Rebelo; Nozor, Tiririca e Argemiro; Didi, Chico, Chicão, Beleleu e Enéas.

AMÉRICA – Augusto (Nelson), Fausto e Darcy, Áureo Cid, Bitum e Nelson; Antonio, Afonso Onety, Jonas, Chagas e Manoel Conte.

Como não havia a regra três na época, o lateral Nelson, ocupou a meta do América, porque o goleiro Augusto saiu contundido.

Nesse mesmo ano, Argemiro recorda que foi realizado o primeiro clássico “Galo Preto” oficial. Um jogo que movimentou nos meios esportivos da cidade, especialmente do bairro de São Raimundo, tamanha a rivalidade entre São Raimundo e Sul América.

Foi no dia 5 de agosto de 1956, no Parque com casa cheia. O São Raimundo venceu pôr 2×1, gols de Beleleu, de penal, toque de Teodoro, e Chicão. Alemãozinho fez o do Sul América. Houve recorde de renda e de público, com mais de 4 mil pagantes.

O São Raimundo jogou com Carlos Genésio, Zezé e Jaime Rebelo; Nozor, Tiririca e Orlando Mineiro; Didi, Argemiro, Chicão, Beleleu e Enéas.

Argemiro foi campeão de 1961, numa temporada arduamente disputada em três turnos. O São Raimundo venceu o primeiro; o Auto Esporte o segundo e o Rio Negro o terceiro turno. Foi necessário um “super” entre os três e de saída o São Raimundo venceu o Auto por 3×1 e a seguir o Rio Negro, por 4×2, sagrando-se campeão da temporada no dia 17 de dezembro.

Formando com Valdir Melo, Nilson e Antônio Carlos; Chicó, Sales e Tiririca; Nelson, Álvaro, Santarém, Almir e Vadinho.

Logo depois da conquista do título, já com pouco mais de 30 anos de idade, Argemiro voltou ao Sul América. Fez seu último jogo contra o Auto Esporte nos primeiros dias de janeiro de 1964, perdendo pôr 3×2. Na época, faziam parte do “Sulão” Nonato, Carlos, Bebé, Soldado, Calixto, Limão, Joãozinho, Zamundo, Soropa e outros. Parou no o futebol na Federação, mas continuou nas peladas.

Aposentado pelo Cortume Canadense onde trabalhou por mais de três décadas, continuou em atividade na mesma empresa para melhorar o salário. Argemiro, alegre e jovial, nunca escondeu que o seu coração era o São Raimundo. Argemiro morreu no dia 30 de dezembro de 1998, aos 67 anos.

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Author: Carlos Zamith