21 de março de 2013
E assim eu vou seguindo… é assim que vou vivendo
Carlos Zamith, meu pai, segue na vida, sorrindo, chorando, amando, aprendendo, acreditando, querendo, levando, é assim que ele vai vivendo, com todas as dificuldades em aceitar suas limitações, mas na esperança que o tempo faça acostumar-se e moldar-se à sua condição atual. Dependente de auxílio o tempo todo, para tudo praticamente, deitar, levantar, sentar, tomar banho, vestir-se, beber, comer, e até suas necessidades fisiológicas. Sua voz enfraquecida, macia, requer algum esforço para pronunciar algumas palavras, mas me diz sempre mais do que eu digo. Sua memória preservada continua brilhante, lembra bem do passado, daquele futebol glorioso, belas partidas e jogadas como se fosse o ontem, consciente de tudo o que está acontecendo ao seu redor, da beleza das coisas da vida.
O tempo não perdoa, e por capricho nos deixa marcas tão profundas como troféu da existência e das emoções. Desde o ínicio de 2012, Zamith vinha apresentando paraparesia (paralisia incompleta) de caráter progressivo com predomínio nos membros inferiores. Recordo que ele reclamava da falta de equilibrio ao caminhar comigo e muitas vezes apoiava-se em meus braços. Na rotina dos supermercados debruçava-se sobre o carrinho para descansar.
Em junho de 2012 começou a usar uma velha bengala que estava encostada num canto. Meses depois, trocou por um andador de alumínio dobrável com rodinhas. Aos poucos aqueles passos lentos pararam. No natal passado, ainda teve disposição para participar da ceia que foi na minha casa. Entretanto, no reveillon não conseguiu a mesma condição física e atravessou o ano deitado no seu quarto.
Em janeiro de 2013 foi detectado uma cardiopatia e um edema pulmonar. Com dificuldade de respirar é internado as pressas na UTI da Unidade Coronariana da Unimed onde recebe alta 12 dias depois. Passa o aniversário de 87 anos, dia 20 de fevereiro, em casa cercado dos familiares e amigos. Mesmo com a cardiopatia controlada e a regressão do edema pulmonar segue a fraqueza muscular e a perda de peso. Sem doença crônica de base, a neurologista Dra. Érika Vianez solicita o exame de eletroneuromiografia dos membros inferiores, que foi realizado no dia 13 de março.
A conclusão do exame eletroneuromiográfico do membro inferior evidenciou sinais sugestivos de comprometimento dos miótomos usualmente supridos por L4- L5, S1 e S2, bilateralmente, que ao lado da condução sensitiva normal, pode indicar comprometimento do neurônio motor nesses níveis.
O que significa isso tudo eu não sei, ainda vou saber. Amanhã, sexta-feira, está agendado consulta com a nutróloga Dra. Isolda, no Hospital Beneficente Portuguesa. É para ganhar mais alguns quilinhos, recuperar seu peso que antes era 75kg, mas que hoje é 45kg. Amanhã virá, será um novo dia, onde o astro-rei vai brilhar para redobrar as forças nesse novo caminho que surge pra se trilhar com esperança na Luz, na Paz e no Amor.
Filed under:Eu sou o Baú Velho || Tagged under: Cotidiano
Author: Carlyle Zamith
tweet
like
+1
8 comments
Força à família, Dona Terezinha, Carlyle, Carlos Zamith Júnior, Douglas e Irene… E como diz o título da matéria: E assim vou seguindo… É assim que vou vivendo !!! Fé em Deus, que está sempre no comando.
21 de março de 2013 14:53 ||
Meu querido avô, que me segurou no colo, que me abraçou, beijou, e que agora sua força física abalada pelo andar da vida rasga meu coração em lágrimas contidas toda vez que ele diz que me ama.
Porém, sua fé de lutar continua sendo a única força de mante-lo vivo. Força meu avô, como diz um ditado:
“Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo…”
Este castelo que o senhor construiu chama-se Família Zamith …
21 de março de 2013 20:46 ||
Meu querido amigo Carlyle, lí todo o seu texto. Perfeito. A medida que ia lendo ia lembrando o quanto gostosos foram os poucos momentos em que tive contato com seu querido pai, o Seu Zamith. Ele sempre alegre contando histórias de futebol, brincando de brigar com seu grande amigo Limongi. Vendo as suas fotos postadas percebe-se que está frágil fisicamente, mas, de memória continua lúcido. A foto deles dois, dele e do Limongi me fizeram lembrar do meu querido pai que também gostava muito de futebol. Se ele é querido de todos nós, com certeza é muito querido de vcs e de toda a sua família. Desejo do fundo do coração que ele se recupere para compartilhar por muito tempo junto a sua família.
21 de março de 2013 22:05 ||
Grande Carlos Zamith. Força colega de memória do futebol. Esperança, luz, paz, saúde! Mesmo diante de dificuldades, siga em frente. Daqui, distante, um abraço do tamanho do Amazonas.
Severino Filho – Teresina – Piauí
23 de março de 2013 20:04 ||
Buim, num dos últimos encontros que tive com o Zamith, levei um dos teus livros (não lembro agora o título, pois adquiri recentemente três), o que fala dos embates Seleção do Amazonas x Seleção do Piauí… E que fala do Sima no Rio Negro. Emprestei ao Zamith, ele leu, tomou notas de algumas coisas (acho) e me devolveu.
24 de março de 2013 03:17 ||
Nobre amigo Carlyle,
Li o texto na íntegra, e a cada palavra, a cada frase interpretada, pude sentir no fundo da alma, os gloriosos momentos em que Deus me proporcionou em passar com o Sr.Zamith. Não tenho palavras para expressar meus sentimentos pelo Sr. Zamith. Alías, palavras realmente não expressariam jamais o que eu sentimos por um ente de nossa família. Considero o Sr. Zamith como um grande amigo, e como se fosse meu pai.
E você meu amigo Carlyle, herdou o dom supremo do seu pai, o de escrever tão bem. Você consegue nos colocar na história e viver cada momento.
Li também o magnífico comentário do glorioso Roberto Zamith e com os olhos marejados, pude entender o quão maravilhoso é o verdadeiro amor.
Roberto, meu sobrinho por afinidade e coração, você conseguiu me emocionar muito, e tudo isso porque sei que você é um dos netos mais próximo do Sr.Zamith, e com esse seu jeito meigo e afetuoso, você conquista o coração da gente. Por fm, fico com uma frase que adoro de Fernando pessoa ” Tudo vale a pena, quando a alma não é pequena”
Um beijo no coração de todos vocês.
24 de março de 2013 09:27 ||
Meu irmão querido e amado… o Tempo é muito mais que pensamos, e o Nosso Grande Mestre com certeza acompanha os pequenos e frágeis passos de seu querido pai.
24 de março de 2013 17:13 ||
Meu amigo. Tive o privilégio de dividir as cadeiras especiais do Vivaldão com seu pai e com Limongi umas 4 ou 5 vezes. Ganhei dele um exemplar autografado de um de seus livros. Trabalhei com LIMONGI no Estadão.
A reverência a eles é nosso reconhecimento por tudo o que fizeram pelo nosso futebol.. Que Deus lhe ilumine pra continuar esse trabalho árduo iniciado por seu pai.
Se precisar de ajuda mecânica, estou pronto !
Nailson
27 de janeiro de 2015 15:28 ||